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Aprendizagem: Como aprendemos? Entenda as principais formas de aprender.

10/04/2023

8 minutos de leitura

Aprendizagem: Como aprendemos? Entenda as principais formas de aprender.

Olá, mamães!

Hoje vamos falar sobre um processo psicológico básico, os processos psicológicos básicos podem ser definidos como um “suporte” para as demais funções, ditas mais complexas. Podemos citar a memória, as emoções e a percepção como alguns desses processos de base.

Os processos psicológicos básicos se dão a partir de estruturas inatas (estruturas pré-existentes) e de processos adquiridos (provenientes da experiência com o meio). A dinâmica da mente pode ser compreendida através da dinâmica desses processos e influência que eles têm, já que eles interagem e dependem de outros processos.

Aprender é algo que gera uma mudança no comportamento por um determinado período de tempo, relativamente duradoura, embasado pela experiência. Podemos destacar que nem todas as mudanças comportamentais são atribuídas à experiência. Já que o uso de drogas e a fadiga são exemplos de modificadores de comportamento que não são considerados aprendizagem.

A aprendizagem pode ser entendida em dois tipos gerais: aprendizagem cognitivo-perceptual e aprendizagem comportamental. A primeira delas se refere, basicamente, a um processo cognitivo que depende dos órgãos sensoriais para reconhecer o ambiente. Já a segunda diz respeito à aprendizagem que pode ser analisada por meio de respostas dadas pelo aprendiz mediante a determinados estímulos.

A maturação é um fator importante para o aprendizado, visto que o desenvolvimento físico (corpo e sistema nervoso) capacita o ser humano para responder a determinados estímulos. Esses comportamentos são reconhecidos em idades (períodos) específicos e podem ser observados independentemente da cultura que o indivíduo está inserido, não sendo necessário nenhum tipo de treinamento específico, conforme Piaget descreve em sua teoria denominada “Epistemologia Genética”, você pode ler mais sobre isso em nossa postagem sobre essa teoria.

Além disso, é necessário analisar o comportamento instintivo, melhor denominado com o termo “padrões de ação fixa”. Esses padrões de comportamento são definidos por uma série de características, são elas: altamente estereotipados (isto é, semelhantes sempre que executados), o ato nunca para antes de concluído, não depende de treinamento específico na maioria dos casos, são resistentes à mudanças, acionados por um estímulo específico e são compartilhados por indivíduos da mesma espécie. Os atos de sorrir e chorar, por exemplo, podem se encaixar nessa definição. Os gestos emocionais e sociais não entram nessa categoria pois são mutáveis e moldáveis pela cultura. Os padrões básicos de respostas são provavelmente configurados no código genético da espécie.

Medir a aprendizagem vem sendo um desafio, isto acontece devido à dificuldade de analisar as mudanças no comportamento, além de carecemos de modelos de avaliação e testes brasileiros. Grande parte dos modelos aplicados no Brasil foram desenvolvidos no exterior, assim há diferenças de escores por conta de fatores como escolaridade e cultura.

Fatores como o cansaço e o estado emocional também podem influenciar o resultado dos testes, podendo ser caracterizado como possíveis falhas na mediação. Determinar o “grau de desempenho” do indivíduo é ainda mais difícil quando percebemos que parte do aprendizado não é observável pelo comportamento (latente), sendo uma forma oculta que se torna evidente apenas quando é usado (podendo ser anos depois).

Como aprendemos?

Existem várias teorias acerca da aprendizagem, algumas delas serão expostas a seguir.

Condicionamento clássico

O condicionamento respondente, também chamado de condicionamento clássico ou condicionamento pavloviano, diz respeito ao estudo realizado por Pavlov. Nesse experimento, ele e sua equipe mediram a salivação de um cachorro mediante à um prato de comida e a um estímulo neutro (algumas versões falam sobre luz e outras sobre um sineta).

Nesse experimento foi entendido que há um estímulo incondicionado (EI) que é o que gera uma resposta incondicionada (RI), isto é, aquele estímulo naturalmente induz à uma resposta. No caso, o prato de comida (EI) gera a salivação (RI). O estímulo neutro (EN) que não provoca a resposta desejada (salivação), com o emparelhamento desse estímulo ”receber o prato de comida” o estímulo neutro passa a ser um estímulo condicionado (EC) e a resposta passa a ser uma resposta condicionada (RI). Então, com o condicionamento, o estímulo que antes era neutro (sineta) passa a gerar a resposta (salivação). Para esquematizar isso, observe a figura:

Blog   Joyce  (2)

Esse tipo de resposta é obtida após vários ensaios (treinamento de aquisição), onde a sineta é tocada antes de dar o prato de comida, dessa forma a sineta é associada ao estímulo incondicionado.

Importante destacar que esse estímulo pode ser reforçado ou extinto, ou seja, vários ensaios tocando a sineta sem entregar o prato de comida faz com que o estímulo volte a ser neutro (não gere resposta), esse processo é denominado de dessensibilização sistemática ou contracondicionamento.

O condicionamento pode ser vicariante (acontecer de forma indireta ou participação imaginária), muitos medos do ser humano parecem ter surgido dessa forma, já que não foi necessariamente experimentado pelo indivíduo, mas foi um comportamento aprendido por conversa com outra pessoa, por exemplo.

Condicionamento Operante

Podemos entender por “operante” respostas voluntárias dos animais. No condicionamento operante sempre há um ato seguido de um reforçamento (positivo ou negativo). Desta maneira, Thorndike fez seus testes com caixas problemas e gatos, onde os gatos ficam presos até encontrar como sair da caixa, por tentativa e erro. Quando o gato acertava a alavanca que abria a caixa, ele recebia um prato de comida (que ficava fora da caixa disponível quando ele conseguisse sair de lá).

No segundo ensaio, o gato tentou menos vezes até encontrar a resposta certa (como abrir a caixa), e desta forma concluiu que quando o comportamento operante é seguido de algo bom (como o prato de comida) a tentativa certa é valorizada, extinguindo gradativamente as outras respostas que não levavam a essa consequência boa (que é uma “recompensa”, nesse caso), esta ideia é conhecida como Lei do Efeito.

Seguindo esse entendimento, Skinner conduziu experimentos que geraram a tecnologia de ensino conhecida como “modificação do comportamento” muito utilizada nos dias de hoje. Sendo a teoria de Skinner construída a partir de um experimento com caixas problemas e ratos. Alguns conceitos principais desta teoria são: reforçamento positivo e reforçamento negativo.

Tais conceitos podem ser entendidos com certa estranheza, já que o reforçamento positivo indica que há apresentação de um evento para reforçar o comportamento operante posteriormente ao ato (não necessariamente esse evento gera consequências positivas), e o reforçamento negativo sugere que algum estímulo é removido.

Exemplificando, na primeira situação, podemos oferecer uma bala (consequência positiva, reforçamento positivo) ou choques (consequência negativa, reforçamento positivo) e no segundo caso, temos o condicionamento de fuga, ou seja, o indivíduo busca fugir de alguma consequência (que ele considerava ruim), dessa forma o condicionamento é resultado de evitar algo desagradável (evitar uma punição pelos comportamentos “errados”).

A modelagem consiste em um método de aproximações sucessivas, ou seja, comportamentos próximos da resposta desejada são reforçados e à medida que vão sendo aprendidos aumenta a exigência pela precisão da resposta (para ser recompensado precisa ser mais assertivo, estar mais próximo da resposta esperada).

Os reforçadores podem ser ainda classificados em reforçadores primários, reforçadores sociais e reforçadores condicionados. Além de haver um esquema de reforçamentos contínuo e intermitente, com esquemas de intervalos e punições que podem ser negativas e positivas.

Imprinting (estampagem)

Essa forma de aprendizagem consiste, basicamente, em aprender nas fases mais críticas da vida, exemplificando a aprendizagem da língua. Imprinting significa “impressão” o que sugere um comportamento de aprendizado mais rápido.

Essa forma de comportamento é considerada inata (genética) e aprendida ao mesmo tempo. Esse comportamento é característico de espécies de aves que o primeiro instinto natural era imitar o comportamento da primeira coisa em movimento que encontrar (não necessariamente um membro de sua espécie). Em nós, humanos, talvez esse tipo de aprendizagem aconteça, onde temos uma predisposição, mas que precisa ser aprendida.

Aprendizagem por imitação

Aqui compreendemos que há um modelo (normalmente considerado uma figura de autoridade, podendo ser pais, professores, etc) que é seguido pelo aprendiz. Assim, o aprendiz precisa se identificar com o modelo para então “copiá-lo”, nota-se esse fenômeno em várias faixas etárias, mas podemos destacar nas crianças que imitam os pais na ausência desses modelos. Teoria elaborada por Albert Bandura.

O processo de aquisição de linguagem (quando a criança começa a falar) é um exemplo desse tipo de aprendizagem, já que a criança imita os sons que escuta e vai conseguindo formar as palavras.

Aprendizagem por Instrução

Essa forma de aprender é bem comum no ensino formal, visto que o professor passa instruções para que os alunos sigam. Dependendo essencialmente da linguagem para passar o conhecimento, socialmente é aceita por ser descrita e não demonstrada. As regras impostas devem descrever o processo como um todo (situação, ação e consequência).

Essa forma de aprender é tipicamente utilizada nas escolas, onde o professor explica (expõe) a matéria.
Raciocínio

Esse tipo de aprendizagem é especialmente humano, visto que o raciocínio é algo bem complexo. É uma forma de tentativa e erro que acontece pelo pensamento (de forma simbólica), envolve concentração e conhecimentos prévios para embasar o raciocínio.

 

Temos aqui no Blog uma publicação sobre a aprendizagem na visão do Piaget e do Vigotsky que são voltadas para as crianças, vale a pena conferir.

Essa é uma breve introdução sobre as formas de aprendizagem que podem te auxiliar no entendimento de como seu filho aprende as coisas.

Até mais!

 

Referências

DAVIDOFF, Linda L.. Introdução à psicologia. 3 São Paulo: Makron Books do Brasil Editora Ltda, 2001, 798 p.

Oliveira, Vanessa Martins de; Locatelli, Solange Wagner; Sato, João Ricardo (2021). Influência das cores no contexto educacional de ciências e matemática: uma revisão de literatura sobre a utilização de eye-tracking. Amazónia: Revista de educação em ciências e matemáticas, 17(38), pp. 244-266 .

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