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Desenvolvimento Cognitivo para Piaget

14/03/2023

7 minutos de leitura

Desenvolvimento Cognitivo para Piaget

Olá, mamães! Estão prontas para mais uma dose de conhecimento?

O tema de hoje é Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo.

Você já ouviu falar sobre ele?

Jean Piaget (1896-1980) foi biólogo, psicólogo e filósofo nascido na Suíça. Procurou identificar as estruturas do pensamento e a forma como aprendemos.

Podemos perceber que as crianças aprendem muito rápido, não é? Por essa razão, Piaget focou seus estudos nas crianças e identificou algumas fases (ou estágios) do desenvolvimento que todo mundo passa. Essas fases não podem ser puladas, mas as ideias em que cada indivíduo passa por essas fases pode ser flexível (mas dentro de um limite).

Desta forma, o desenvolvimento acontece em estágios, ou seja, não é linear mas acontece por “saltos” ou “rupturas”. Assim, a inteligência dá “saltos” de qualidade que são classificadas pelo autor.

E aí, ficou curiosa?

Como as crianças aprendem?

 

Existem várias teorias que tentam explicar essa pergunta. Hoje falaremos sobre a teoria de Piaget.

A maternidade não exige que você seja especialista nas teorias do desenvolvimento e da aprendizagem, mas entender um pouco sobre o assunto pode te ajudar a compreender mais sobre a fase que seu filho está passando.

A teoria de Piaget é Construtivista, isso quer dizer que o conhecimento é resultado de uma “construção”, os saberes vão se somando e passando por fases invariáveis.

É comum falarmos que “tal criança é inteligente porque sabe contar até 10 antes do que a maioria”, mas o que é a inteligência?

Para esse teórico, inteligência tem uma função e uma estrutura. A inteligência tem a função de adaptar o ser humano ao meio, de modificar o comportamento, a forma que agimos sobre o meio. Já o caráter estrutural se dá pela organização do conhecimento. Então, para aprender, estamos constantemente reorganizando nossa estrutura mental (atenção, a estrutura mental que estamos falando não é algo físico, mas sim a maneira em que pensamos/percebemos algo).

Assim, para crescer e se desenvolver as crianças precisam reorganizar a própria inteligência através do contato com o meio físico e com outras pessoas.

O processo de aprendizagem se constitui de 3 fases: assimilação, acomodação e equilibração.

A assimilação acontece quando a criança entra em contato com o meio e com outras pessoas e assim interpreta os estímulos que recebe e interioriza alguns elementos do mundo. Para conseguir acomodar esses novos conhecimentos provenientes de estímulos as estruturas mentais (forma como organizamos essa informação) se modificam, caracterizando a acomodação. Por fim, a equilibração acontece quando as estruturas mentais estão reorganizadas e acomodando os novos conhecimentos.

Dito isso, aprender é um processo dinâmico onde passa de equilíbrio para desequilíbrio (mudança da estrutura) e vice e versa, constantemente.

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Muitas pessoas acreditam que uma criança é inteligente apenas depois de começar a falar. Isso não é verdade. Muito antes de adquirir a linguagem, os pequeninos já mostram ser muito ávidos à novos conhecimentos. Isto é, modificam a forma de agir e a forma que pensam de acordo com os estímulos que recebem e com a maturação do sistema nervoso.

Piaget classificou o desenvolvimento em alguns estágios: o sensório-motor (0-2 anos), o pré-operatório (2-7 anos) e o Operatório (7 anos em diante), sendo que este último pode ser subdividido em Operatório concreto e Operatório formal.

As fases/estágios do desenvolvimento

 

Essas fases são organizadas de acordo com o desenvolvimento intelectual e cognitivo. Essas fases ocorrem sempre na mesma ordem, podendo ter ligeiras variações nas faixas etárias de criança para criança. Sendo que são fases universais (em qualquer lugar do mundo).

Esses estágios do desenvolvimento são: sensório-motor, pré-operatório e operatório.

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Sensório-motor

Acontece desde o nascimento da criança até aproximadamente os dois anos de idade. Essa fase se caracteriza pela aprendizagem através de experiências sensoriais, sendo que a função semiótica é ausente (isso quer dizer que a criança ainda não consegue gerar uma imagem mental dos objetos ou ações que realiza).

Aqui se inicia a noção de objeto permanente (as coisas existem mesmo não estando em meu campo de visão) e causalidade (relação de causa e efeito nas coisas, por exemplo, para pegar uma bolinha embaixo do travesseiro, preciso primeiro levantar o travesseiro).

Nessa fase o crescimento físico e o desenvolvimento motor são acentuados e facilmente perceptíveis.

O ideal é fornecer estímulos para que a criança possa se desenvolver e criar noção de espaço, comece a desenvolver sua lateralidade (desenvolvimento da dominância lateral de uma das mãos) e percepções. Além de treinar coordenação motora.

Pré-operatório

Vai dos dois aos sete anos de idade. Também pode ser chamada de pré-conceitual. Nesse estágio a criança começa a pensar de forma mais lógica, mas ainda não reversível, e se inicia a descentração.

É nesse período que aparece o brincar simbólico, isto é, o faz de conta, onde narrativas são criadas durantes os jogos, mas a função simbólica (criação de símbolos para representar as coisas) ainda não está consolidado. Assim, pode-se dizer que é uma preparação para a aquisição da linguagem (pré-linguagem), onde a criança gradualmente adquire a função semiótica, mencionada anteriormente, e cada vez consegue criar símbolos mais complexos, até conseguir associar sons com objetos (como a palavra “casa” ao objeto), ou outros símbolos como a representação que consiste em pensar em um objeto através de outro. Desta forma, adquirindo a linguagem.

A aquisição da linguagem é importante, pois é daí que a criança começa a socializar o conhecimento. Assim que se inicia a aquisição de moral e valores.

Operatório

Esse período vai dos sete anos em diante, onde a criança chega ao ápice do desenvolvimento cognitivo. Aqui já se tem uma organização lógica desenvolvida, e se caracteriza pela ação interiorizada reversível, isto é, a capacidade de agir sobre o mundo, de pensar sobre sua ação (imaginar) e de pensar como retornar ao ponto de partida. Exemplificando isso, uma criança pode até aprender contar de 1 até 10 antes desse estágio, mas terá dificuldade em contar de forma regressiva (do 10 até o 1).

Além disso, a criança passa a entender o conceito de “parte” e “todo”. Se você perguntar à uma criança antes desse estágio onde ela mora, ela poderá te responder o Bairro, mas se perguntar em seguida o nome da cidade ela ficará confusa. Assim, ela ainda não tem noção de que o bairro está contido na cidade.

É nessa faixa etária, também, que se inicia o sentimento de necessidade.

Essa fase se subdivide em outras duas: Operatório concreto e Operatório formal.

Operatório concreto

Dos 7 até aproximadamente 11/12 anos. Aqui a criança começa a formalizar suas opiniões, podendo tomar algumas decisões. Aqui a criança já domina algumas coisas, que vou conceituar abaixo:

  • Conservação: tem noção de volume, ou seja, se você colocar água em um copo mais longo e em seguida, colocar essa mesma quantidade de líquido em um copo mais baixo e mais largo, ela entenderá que ambos têm a mesma quantidade, enquanto uma criança mais nova pode confundir pelas proporções do copo.
  • Classificação: já consegue separar objetos por categoria (ex: tamanho, cor, aparência, etc) ou classes e resolver problemas (como organizar alguns itens seguindo essa classificação).
  • Seriação: é a capacidade de organizar mentalmente alguns itens de acordo com com alguma dimensão (algo quantificável, por exemplo, peso, tamanho, etc)
  • Reversibilidade: Retornar a condição original
  • Transitividade: Reconhecer relações entre os objetos de uma série. Por exemplo, se você pedir para a criança organizar os brinquedos em uma estante do maior para o menor, ela entenderá que em um lado da estante estará o maior e do outro lado da estante estará o menor.
  • Descentramento: capacidade de enxergar múltiplos aspectos de uma situação, ou seja, é o enfraquecimento do egocentrismo na criança.

Operatório Formal

Aqui a maturação cognitiva é igual à de um adulto, mas é claro, que quanto mais velhos mais experiências tivemos e mais vezes passamos pelo processo de assimilação, acomodação e equilibração. O marco nesse período é que a criança consegue raciocinar em um maior nível de abstração, se baseando na lógica mesmo sem ter vivenciado a situação. A criança já consegue pensar através de hipóteses. Nessa etapa que vai dos 11/12 anos em diante começam a ser introduzidos problemas matemáticos mais abstratos na escola, por exemplo, a álgebra.

E aí, gostou de saber mais sobre as fases de desenvolvimento segundo a teoria de Piaget?

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