Desenvolvimento Moral na teoria de Piaget
E aí mamães, prontas pra mais uma dose de conhecimento sobre seus pequenos?
O tema de hoje é o desenvolvimento moral na criança, segundo a teoria de Piaget.
Você deve estar se perguntando quem é esse tal de Piaget, não é?
Ele é um biólogo, filósofo e psicólogo suíço que estudou o desenvolvimento cognitivo, então seu alvo de estudo foram as crianças, afinal como elas aprendem e mudam sei comportamento tão rapidamente? Já conversamos sobre isso na postagem sobre o desenvolvimento cognitivo de Piaget, leia mais sobre isso aqui.
Piaget estudou seguindo o método de observar como as crianças resolviam problemas, ou seja, ele criava situações de acordo com a análise que ele estava fazendo e através da observação tirava conclusão sobre a forma em que os problemas eram resolvidos e qual era a dificuldade das crianças em casa faixa etária.
Sobre a moral, Piaget classificou em 3 estágios. Assim, o desenvolvimento acontecia com saltos ou rupturas, isso quer dizer que a qualidade da inteligência muda de uma fase para a outra. Sendo que nenhuma das fases podem ser puladas e acontecem mais ou menos na mesma idade para todas as crianças, podendo ver algumas variações.
Segundo a obra O Julgamento moral da criança (1932) de Piaget, a moral humana se desenvolve a partir da relação entre a moral, a afetividade e a cognição. Assim, os pensamentos e sentimentos vão se construindo de forma paralela, ou seja, juntos. A cognição é uma condição para que a criança sinta e crie o juízo moral.
Moral, por sua vez, consiste em um sistema de regras que orientam as ações (o que é certo e o que é errado) e a moralidade é o respeito (aceitação, noção de necessidade) que o indivíduo tem por essas regras. Na moralidade que a razão e a afetividade se encontram.
Sendo esses estágios: a anomia, a heteronomia e a autonomia.
A experiência de igualdade e cooperação são essenciais para o acesso à autonomia.
A justiça é algo ligado a um ideal, uma meta. Sendo que isto se desenvolve através de deveres cumpridos. Deveres podem ser entendidos como imperativos (ordens) que precisam ser cumpridos.
Enquanto a moral se desenvolve com estímulos que são provenientes do meio (o que você aprende no ambiente que você vive) e a maturação física.
Vamos conhecer mais sobre cada um desses estágios?
Anomia
A anomia é o estado em que a criança não tem noção das regras e normas, não consegue atribuir significados às normas e nem entende a função das regras no mundo. Esse estágio costuma ocorrer do zero aos 2 anos.
Em resumo, a criança não tem noção de regras.
Heteronomia
A heteronomia é o estágio em que a criança tem noção de que existem regras e leis e as aplicam de maneira liberal (ajudam os colegas nos jogos, por exemplo). Aqui, as crianças entendem as regras ao pé da letra, sem contextualizá-las (essa regra é válida apenas em determinadas situações, por exemplo, tal regra é válida apenas na biblioteca, em outros ambientes não).
Nesse caso, a criança é regida pelas regras dos adultos. Ela apenas aceita o que lhe é imposto, sem questionar. O respeito é unilateral, ou seja, ela respeita os adultos, mas não é respeitada.
Além disso, nesta fase a criança se orienta quanto às normal de acordo com as reações de seus pais e adultos de referência quanto às normas. Isso quer dizer que precisam da aprovação dos pais ou responsáveis sobre as atitudes tomadas.
Aqui as pessoas são julgadas pela consequência da ação, e não pela intencionalidade.
Se você perguntar a uma criança nesse estágio da moral, quem é mais culpado, alguém que quebrou 10 pratos sem querer ou alguém que quebrou 1 prato de propósito, ela vai te responder que foi quem quebrou os 10 pratos. Ou seja, ela analisou a consequência da ação (pratos quebrados) e não a intencionalidade (se a pessoa queria ou não quebrar os pratos).
Autonomia
Já na fase de autonomia, que é o último estágio, a criança começa a desenvolver o próprio senso se certo e errado. Sendo que as regras e normas são internalizadas. Ela percebe o que é certo e o que é errado para ela. Agora, o respeito é mútuo e ela passa a ter papel de legisladora, isto é, passa a desenvolver/ criar as regras e normas.
A criança passa a entender a necessidade das regras e interpretá-las (não mais ao pé da letra).
Agora, a criança começa a pensar na intencionalidade, seguindo o exemplo dos pratos quebrados, a criança diria que a mais culpada é a que quebrou um prato (pois ela queria quebrar esse prato).
Lembrando que todas essas ideias são do autor Piaget, e que existem várias formas de ver esses desenvolvimento (por outros autores) que não compactuam necessariamente com essas ideias.
Curiosidade
Nessa mesma perspectiva, Piaget fala sobre a mentira.
Sendo que na primeira fase do desenvolvimento moral (anomia) a criança não mente por maldade, já que ela não tem interiorizado nela a noção de certo e errado. Isso é o que Piaget chama de Pseudomentira ou justiça aparente, já que para a criança ela não está mentindo. Para ela, é uma fantasia ou uma variação da verdade.
Você conseguiu entender a teoria de Piaget sobre o desenvolvimento moral na criança?
Espero que tenha gostado! Te espero a próxima.