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Entenda como funciona a memória

04/04/2023

9 minutos de leitura

Entenda como funciona a memória

Olá, mamães!

O assunto de hoje é a memória. Ainda com muitas lacunas e pontos a serem respondidos, a memória é um assunto que gera curiosidade já que é a base para inúmeros outros processos, assim podemos classificar a memória como um processo psicológico básico.

Primeiramente, podemos falar que sem a memória nosso processo de percepção seria afetado. Usamos a memória mesmo sem perceber, por exemplo, quando você diz que o dia está frio, relaciona com outra experiência de um dia quente para afirmar isso, ou seja, você usa sua memória mesmo que sem perceber.

Você já deve ter ouvido que algumas pessoas têm a memória melhor e outras esquecem mais rápido, certo? Podemos observar que demoramos mais para aprender algo inédito do que para memorizar algo que já havíamos visto a muito tempo.

Mas você sabe descrever o que é a memória? Na psicologia, podemos definir como memória o conjunto de vários processos que armazenam e recuperam as experiências já processadas, através de estruturas cognitivas.

Trataremos aqui sobre um modelo de processamento de informação da memória, sendo que existem vários modelos acerca deste tema. O modelo que será exposto aqui, tem como referência o livro Introdução à Psicologia da autora Linda L. Davidoff (3° edição).

Herman Ebbighaus, em 1855, publicou a primeira investigação sistemática da memória. De primeiro momento, precisamos entender que ele defende que as ideias que surgem próximas temporalmente e espacialmente se interligam.

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Processos da memória

Independente do sistema de memória apresentado, há três processos envolvidos, são eles: codificação, armazenamento e recuperação.

Codificação

Esse processo também é comumente chamado de aquisição, pois refere-se ao ato de codificar as informações para que elas sejam armazenadas. Ou seja, você atribui algum significado interno (interpreta/codifica) a informação a fim de armazená-la.

A codificação refere-se também à aprendizagem deliberada, isto é, para codificar é preciso aprender diversas informações e esse processo está ligado à percepção, pois é por meio desta que aprendemos e consequentemente, são essas informações que codificamos.

Armazenamento

Assim que uma informação é codificada ela será armazenada por algum período de tempo, como veremos daqui a pouco, esse período de tempo gera uma classificação para o tipo de memória (memória sensorial, memória de curto prazo e memória de longo prazo).

O sistema de armazenamento é bem complexo e difícil de ser explicado, pois trata-se de um processo dinâmico, já que parece mudar com as experiências ao longo do tempo.

Recuperação

Como dito anteriormente, nós recuperamos essas memórias de forma sistemática sem nem mesmo nos darmos conta disso. Então, quando precisamos/desejamos alguma informação, nós recuperamos a memória (ou pelo menos buscamos por ela).

Estruturas da memória

Muitos psicólogos falam sobre três tipos de estruturas da memória. Como esses sistemas se comportam e interagem ainda é bem vago. Segundo o modelo de Richard Atkinson e Richard Shiffrin, a informação chega aos órgãos dos sentidos (sistema sensorial) e é retida por um momento pela memória sensorial (MS) que desaparecem em cerca de 1 segundo, caso não for transferida para a memória de curto prazo (MCP) – para transferir essas informações é necessário atenção. A MCP pode ser entendida como centro de consciência, que armazena uma quantidade de dados limitados por um período de tempo específico (cerca de 15 segundos) é onde tudo que sabemos fica retido, já que para acessar o conhecimento precisa estar na MCP. Para que a memória dure mais tempo, é preciso passar as informações para a memória de longo prazo (MLP), num processo denominado de processamento profundo.

O sistema de MCP e MLP constantemente transferem memórias entre si, para o acesso da informação e guardar para acessar em outro momento, por isso dizemos que o processo é dinâmico.

Destacamos também o reconhecimento e a recordação. Por reconhecimento entendemos o processo de criar uma representação de algo que buscamos e depois associar essa representação criada com uma representação na memória, onde sentimos a familiaridade e a identificação. Já em recordação, fazemos uma busca controlada por uma memória, começando com colhemos as informações (ou parte delas) da pergunta de recordação, depois geramos alternativas (suposições) baseadas nos indícios coletados e por último selecionamos o objetivo. No caso de algumas perguntas (mais fáceis) pulamos alguns processos até recordar a resposta (é algo mais imediato) e para outras, precisamos fazer um processo mais custoso até lembrar da resposta. A técnica de relato parcial pode auxiliar na memorização de informações, sendo que a técnica consiste em descrever/relatar o que deseja que seja lembrado.

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Memória sensorial (MS)

Como discutido anteriormente, é uma memória de aproximadamente um segundo. Acredita-se que todas as informações coletadas pelo sistema sensorial entraram nos sistemas da memória sensorial, mesmo que não percebemos a coleta dessas informações (falaremos mais sobre isso quando falarmos de atenção).

Desta forma, podemos dizer que as memórias sensoriais são impressões momentâneas dos estímulos sensoriais do meio.

Podemos destacar a memória sensorial visual (memória icônica) e a memória sensorial auditiva (memória ecóica), sendo que elas registram a memória imediata e precisa da visão e da audição, respectivamente.

Quando ao esquecimento dessas memórias sensoriais, estudos mais recentes sugerem que retemos as informações de superfície (conteúdo do estímulo original) apenas até certo ponto. Mas as informações sensoriais podem se conservar por mais tempo caso as pessoas prestem atenção e interpretem determinados estímulos (mas isso faz com que outros demais sejam “perdidos”), os estímulos que permanecem são passados para a MCP. A transferência da MS para a MCP é denominada de recuperação de dados da memória sensorial.

O fenômeno de mascaramento pode ser observado quando uma nova imagem é captada antes da anterior se deteriorar (dizemos deterioração para as memórias icônicas que vão sendo “apagadas”), isso faz com que uma imagem se sobreponha a outra, isto é, uma nova informação interfere na informação “antiga”.

Memória de curto prazo (MCP)

São as memórias retidas por volta de 15 segundos, segundo testes realizados. A MCP é considerada o centro da consciência humana. Podemos considerar, por exemplo, um número de telefone que precisamos ler de algum lugar e digitar nas teclas do celular, a MCP é o que possibilita essa ação, já que retém os dados tempo o suficiente para isso. Por esse motivo, a memória de curto prazo também é chamada de memória de trabalho. Conseguimos armazenar informações significativas por pouco tempo, sem fazer muito esforço.

Esse tipo de memória foi estudado por Brenda Miller que percebeu em uma paciente problemas com a memória depois de uma lesão cerebral, a análise de Branda leva a entender que os mecanismos que guardam as memórias de longo prazo são diferentes dos mecanismos de memória de curto prazo, já que a paciente lembrava da infância mas não lembrava de coisas que haviam acontecido após a lesão.

A função da memória de curto prazo está associada ao gerenciamento geral do que será retido temporariamente. Quanto à capacidade, alguns estudos revelam que raramente as pessoas lembram mais do que sete partes de algo. Essas partes consistem em agrupamentos.

Memória de longo prazo (MLP)

Depois da memória de curto prazo, a informação passa para a memória de longo prazo para ser armazenada por mais tempo, sendo que esta guarda grande quantidade de informações por um período de tempo maior. O tipo de informação é flexível (pode ser imagem, som, etc). Considera-se essa memória ilimitada, ou seja, não tem um “esgotamento” de espaço.

A recuperação dessas memórias é semelhante ao processo de codificação (que comentamos no início deste post), às vezes recuperar as informações pode ser fácil e automático (as informações passam para MCP sem nem mesmo percebermos) e às vezes demoramos para lembrar.

Pouco se sabe sobre como funciona o processo de recuperação das informações de maneira automática, acerca das memórias mais difíceis de serem recuperadas há mais estudos.

Antes de começarmos a procurar uma memória, primeiro verificamos se ela existe (você não tentaria lembrar da cor do casaco de Platão, né?), depois verificamos se a informação está guardada na memória (você não vai tentar lembrar do endereço Linda L. Davidoff mesmo sabendo que ele existe) e por último processamos o grau de dificuldade que será para encontrar a informação.

Nesse viés, podemos citar o PDL (na ponta da língua), você já deve ter sentido a sensação de saber que lembra da palavra, mas não saber a palavra em si, né? Brow e McNeill pesquisaram exatamente esse fenômeno.

As pessoas não conseguiam recuperar a palavra, mas conseguiam descrever o significado ou até mesmo emitir sons parecidos (palavras semelhantes ou até mesmo inventar palavras com o som parecido). Isso nos diz que as pessoas lembram das características das palavras para usar como indícios quando procuram uma memória.

Em geral, as pessoas retêm alguns elementos que são chamados de marcos, e preenchem o que falta, isto é, reconstroem o material com base nos conhecimentos que já tem e de expectativas por elas montadas.

Nem sempre podemos confiar em nossa memória, já que ela pode nos pregar peças, como as falsas memórias, onde criamos o conteúdo para preencher as lacunas (e não sabemos que isso se trata de uma memória falsa). Isso tem implicações diretas em testemunhas oculares de crimes, já que elas podem “lembrar errado” de algo e não saber que estão criando informações. É relativamente simples, induzir a criação de memórias em uma pessoa e podemos perceber isso pelo experimento “perdidos no shopping” onde a pesquisadora consegue fazer com que as pessoas “se lembrem” de terem se perdido no shopping quando criança e até dar um relato bem detalhado disso e segundo pesquisa prévia com os pais, isso nunca havia acontecido.

resumo de memória

Assim, podemos perceber que nossa memória é algo muito complexo e cheia de mistérios, além de não ser 100% confiável.

Esperamos que com esse post tenhamos conseguido te dar uma noção geral do que é memória.

Referência

DAVIDOFF, Linda L.. Introdução à psicologia. 3 São Paulo: Makron Books do Brasil Editora Ltda, 2001, 798 p.

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