Painéis Sensoriais - Cubos Sensoriais - Tablets Sensoriais - Painéis Montessori

Percepção: quais os nossos sentidos?

03/05/2023

7 minutos de leitura

Percepção: quais os nossos sentidos?

Percepção é um processo psicológico básico, isto é, a percepção é a base de muitos outros processos mentais mais complexos. Nós percebemos o mundo à nossa volta e as sensações no nosso interior pelos sentidos. O ato de perceber também está ligado à atenção, que é para onde direcionamos nossa percepção. Isso não quer dizer que outros dados não estejam sendo captados, mas que nós não tomamos consciência de que isso está acontecendo.

O que é percepção e sensações e quais as diferenças?

Podemos considerar os sentidos como as “janelas para o mundo”, isso se dá pois é a partir dos sentidos que captamos os estímulos do mundo, interpretamos e significamos as informações. A coleta de informações do meio é chamada de sensação.

Com isso, a definição de percepção é a organização e a interpretação dos dados que recebemos dos nossos sentidos (sensações), para termos consciência do meio ambiente e de nós mesmos. Dessa forma, as sensações são todos os estímulos coletados pelo sistema sensorial enquanto as percepções é a seleção desses estímulos.

A percepção é um processo cognitivo (você pode saber mais sobre o desenvolvimento cognitivo na visão de Vygotsky e de Piaget) , e talvez, pode ser considerada a atividade cognitiva mais básica, que dá origem a todas as outras. Quando percebemos, os estímulos que recebemos são combinados com as habilidades construtivas, a fisiologia e as experiências prévias influenciando na forma que interpretamos os dados. As habilidades construtivas ocupam lugar de destaque na percepção.

Recebemos diversos estímulos, mas temos consciência apenas de parte dos detalhes disponíveis e captados por nossas sensações. A capacidade construtiva é, portanto, este processo de seleção dos estímulos por meio de testes de hipóteses, antecipação, amostragem, armazenamento e integração das informações recebidas por diferentes órgãos sensoriais. Então, para percebermos nós coletamos os dados do ambiente e de nosso interior pelos órgãos sensoriais.

Vale ressaltar que até mesmo membros de uma mesma espécie podem ter variações nas percepções, podendo variar a forma que as pessoas veem as cores, escutam e sentem cheiros. Além disso, a percepção sofre alterações em grávidas e idosos. Assim, o que eu percebi em determinada situação pode ser diferente do que você teve consciência de ter registrado.

Na escola aprendemos sobre cinco sentidos humanos, embora os cientistas já tenham conseguido catalogar onze sentidos completamente distintos (e pode haver mais). A detecção existe em todos os sentidos e é conhecida como um receptor. Nossos sentidos podem responder a várias formas de energia (luz, som, gravidade, etc), mas eles são particularmente sensíveis a uma estreita faixa de estímulos. Isso quer dizer que conseguimos ver apenas uma parte da luz (não vemos os raios infravermelhos nem os ultravioleta), ouvir apenas algumas amplitudes de onda (não conseguimos ouvir infrassons e nem ultrassons), e assim por diante. Mas alguns animais de outras espécies podem ser sensíveis a esses estímulos que nós não conseguimos. Para melhor entender, ilustramos abaixo todos os estímulos disponíveis que podem ser captados pelos animais (em rosa) e uma pequena parcela desses estímulos nós, seres humanos, somos capazes de coletar por meio dos nossos órgãos sensoriais (em azul).
19

Essa imagem não contém proporções metrificadas, é meramente ilustrativa.

Os receptores “transduzem” a energia recebida de uma forma para outra, assim as informações ficam passíveis de serem interpretadas e são transmitidas para o cérebro fazer a interpretação. Assim os receptores do cérebro processam as informações sensoriais. Isso quer dizer que recebemos a informação de uma forma, mas para conseguirmos interpretar nós alteramos a forma que essa informação foi passada. Por exemplo, seu filho te contou uma história (falou) essa informação, você recebeu a informação por som, mas quer contar essa história para o pai do menino, então escreve em texto no whatsapp. Nesse exemplo, a forma de comunicação mudou, passou de som para texto. É mais ou menos isso que acontece em nós, recebemos determinados estímulos que são traduzidos para outra forma de comunicação, e assim o cérebro consegue receber essas informações.

20

Como para a percepção é importante entender os sentidos, abaixo temos uma introdução sobre alguns sentidos:

Sentidos químicos

Os sentidos químicos são aqueles que os receptores respondem a substâncias químicas, como é o caso do olfato e do paladar. O paladar tem receptores chamados de papilas gustativas (ou botões gustativos) que são especializados (mais sensíveis) a determinados estímulos dependendo da região em que se encontram, por exemplo, o meio da língua é relativamente sensível a todas as sensações, enquanto a ponta da língua é relativamente mais sensível a doce e salgado. Assim como outros sistemas sensoriais, o sistema gustativo parece concentrar-se em mudanças na estimulação. Isso quer dizer que se você estiver comendo algo salgado e aumentar o teor de sal na alimentação é mais difícil de perceber do que se você estiver comendo algo salgado e ingerir algo doce, a mudança de estímulo (salgado para o decê) é mais facilmente perceptível.

Já o sistema olfativo é composto por receptores denominados bastonetes olfativos que são pontas dendríticas dos neurônios (os dendritos são a “cauda” do neurônio), os quais adentram a cavidade nasal. O olfato tem algo interessante que é a variação da sensibilidade ao longo do dia, por exemplo, somos mais sensíveis antes do almoço do que depois. As mensagens olfativas percorrem várias partes do cérebro por meio dos nervos olfativos.

Sentidos de posição

Esses sentidos fornecem informações sobre as ações do corpo em si, sendo que são pouco conhecidos. O sistema cinestésico nos informa das posições relativas das partes do corpo durante os movimentos (noção espacial), esse sistema depende de várias informações recebidas nos músculos, juntas e tendões.

Nos sentidos de posição também se pode destacar o sentido vestibular (de orientação ou equilíbrio), que consiste na captação de informações que dizem respeito à gravidade e isso ocorre na parte óssea do crânio, em ambos os ouvidos internos, mais especificamente no labirinto.

Sentido cutâneo (tato)

O sentido que costumamos chamar de tato é constituído por cinco sistemas dérmicos (ou somatossensoriais) que são o contato físico, o calor, o frio, a dor e a pressão profunda.

Audição

As ondas mecânicas estimulam o tímpano no interior do ouvido que vibra de acordo com a amplitude e frequência das ondas recebidas (estímulos) e leva cerca de 50 milissegundos para chegar até os principais centros auditivos do córtex para ser interpretado.

Visão

A visão capta ondas magnéticas (luz) e o olho pode ser descrito com um esquema da caixa escura, onde a luz entra pela pupila e a imagem é projetada na íris invertida. A retina é composta por células fotossensíveis chamadas de cones e bastonetes. O tamanho da pupila determina a entrada de luz (mais ou menos luz) e também é influenciada pelo interesse das pessoas em determinado assunto.

Os nervos ópticos que são os feixes de axônios enviam mensagens do campo visual ao cérebro. Os nervos ópticos se cruzam na parte inferior do cérebro, formando o quiasma óptico. No córtex a informação é processada nos lobos occipitais e no colículo superior, aparentemente processando a mesma informação de formas diferentes. A completa lesão das regiões visual no lobo occipital resulta em cegueira funcional, isto é, as pessoas não têm consciência das informações visuais coletadas.

 

Sabendo de tudo isso, nosso sistema sensorial para captar as informações do meio é bem sofisticado, mas mesmo assim, cometemos erros na percepção, o que podemos denominar de ilusões, existem algumas obras famosas que exploram a variação nas percepções do ser humano. Além disso, quando focamos em alguma coisa negligenciamos as outras, isto quer dizer que não armazenamos alguns dos estímulos coletados e podemos ter falsas impressões sobre determinadas situações.

×