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Wallon: a importância do afeto na aprendizagem

16/05/2023

5 minutos de leitura

Wallon: a importância do afeto na aprendizagem

Henri Wallon (1879-1962) é um educador francês que destaca a importância do papel do professor para a aprendizagem do aluno, além de dar ênfase para a afetividade no processo de desenvolvimento. Mas ainda atribui o desenvolvimento a aspectos orgânicos/biológicos e sociais/culturais, sendo o ser humano dependente de interação para o desenvolvimento integral do ser humano.

Outros teóricos, como Piaget e Vygotsky já destacaram a importância da afetividade na aprendizagem, mas foi Wallon que embasou sua teoria nisso.

Wallon divide o desenvolvimento em estágios, cada um deles com suas especificidades. Mas diferente de Piaget, Wallon acredita que cada criança se desenvolve em um ritmo diferente, podendo até mesmo “voltar etapas”, e isso não é necessariamente uma regressão, e sim, faz parte do próprio processo.

Para este autor, o desenvolvimento oscila entre a inteligência e a afetividade. Além disso, as aquisições adquiridas são irreversíveis, o que não impede o indivíduo de retornar para atividades do estágio anterior. O conhecimento é cumulativo, assim, o que é aprendido em um estágio não se apaga quando a criança vai para o próximo estágio, no entanto, se une. O que resulta em um comportamento que integra os conhecimentos adquiridos ao longo de cada estágio.

Estágios de Wallon

Wallon menciona um desenvolvimento integral partindo de três esferas: a motora, a cognitiva e a afetiva. Desta forma é necessário que o organismo (corpo) esteja ligado ao ambiente (meio social) em que vive para se desenvolver. Lembrando que a afetividade está em todos os estágios, sendo essencial para o aprendizado. A seguir, veremos mais sobre cada estágio de Wallon:

1º estágio — Impulsivo-Emocional (0 a 1 ano):

Na teoria de Wallon, o primeiro estágio é marcado pelo afeto e pela impulsividade motora. Assim, nesse período a criança se expressa através do contato e do toque, sendo o toque e o cuidado de extrema importância. É a partir do contato com o outro, geralmente a figura materna, que a criança interage com o meio externo e aprende sobre o mundo que a cerca. É uma fase de extrema dependência e muito importante para a formação do eu.

2º estágio — Sensório-Motor e Projetivo (1 a 3 anos):

Ainda nesse estágio o tato é muito importante, já que a interação com o mundo se dá através do contato físico. Nessa fase o contato entre criança e objeto está presente e se iniciam as indagações acerca do mundo, sobre o que são os objetos, para que servem e como nomeá-los.

Por se tratar de uma fase de descobertas intensas, é necessário que a criança tenha à disposição diversos estímulos e situações diversificadas, para que, assim, o processo de diferenciação dos objetos seja facilitado. Contribuindo, desta forma, para a função semiótica (formação de imagens mentais) e consequente aquisição da linguagem.

3º estágio — Personalismo (3 a 6 anos):

Como o nome do estágio sugere, nesta fase a criança aprende o que faz parte de si e o que é o outro, desenvolvendo a sua personalidade e individualidade sendo conduzida pela afetividade para tal. Ou seja, a criança se vê diferente do outro.

Por estar em processo de formação da identidade pessoal, é importante que a criança tenha o contato social, principalmente com crianças da mesma idade que ela. Isto possibilita a diferenciação e o entendimento das diferenças, a fim de promover o respeito. Além disso, dar a oportunidade de expressar as diferenças e valorizá-las é importante para o desenvolvimento.

4º estágio —  Categorial (6 a 11 anos):

Nessa etapa, o processo da etapa anterior se dá de forma mais intensa e fica mais visível. Aqui a diferenciação e semelhanças entre várias ideias, conceitos, e objetos deve ser explorada.

Desta maneira, é essencial o diagnóstico do que o aluno já sabe e o que falta pouco para ele aprender. Além disso, a descoberta do mundo é permeada pelas experiências, o que afeta o desenvolvimento dos valores e sentimentos da criança e possibilita novas descobertas.

Há um avanço da inteligência, sendo que o foco sai das outras crianças e vai para a conquista do mundo e o conhecimento de objetos.

5º estágio — Puberdade e Adolescência (11 anos em diante):

Os valores e sentimentos próprios são o marco desta fase, já que a individualização fica ainda mais intensa. Marcada por atos de autoafirmação e escolhas. Por conta disso, a educação deve ser voltada para vivência da expressividade e discussão das diferenças a fim de desenvolver o respeito. Levando em conta a necessidade do indivíduo de se auto afirmar.

Nesse período acontece a crise pubertária, rompendo com a tranquilidade afetiva e isto influencia na necessidade de definir os traços da personalidade que foram desestruturados devido às modificações corporais sofridas.

Teoria da Afetividade

A Teoria da Afetividade de Wallon instiga reflexões acerca da forma de ensino, já que defende que todas as crianças têm direito à educação, independente de duas origens familiares, sociais e étnicas, sendo assim, as únicas limitações imposta deveriam ser às de suas próprias aptidões.

Com isso, a aprendizagem deve ser moldada por relações sociais e a criação de vínculos, já que a afetividade é de extrema importância para o desenvolvimento afetivo, social, intelectual e emocional dependem desta premissa. Ademais, tanto o aluno quanto o professor é afetado no processo de ensino, sendo o desenvolvimento cognitivo, também, a ampliação da capacidade de expressar os sentimentos. Pode-se dizer, então, que Wallon embasa sua teoria na necessidade de haver um “outro”.

Por fim, manifestar a afetividade molda a inteligência e a inteligência é a expressão de seres afetivos. Fazendo com que o processo de aprender também seja o processo de ensinar, e vice versa, tornando a educação um processo mais humanizado, mais afetivo.

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